Mas que dupla provocativa! E quantas aventuras vivem esses dois garotos, conhecidos lá de trás, mas que recentemente ganharam uma nova edição: “Juca e Chico – História de Dois Meninos em Sete Travessuras”, editora Pulo do Gato. Para quem não se lembra, Juca e Chico são aqueles… Não, espera! Vou apresentá-los como conta o livro, esse clássico da literatura infantil! - Blog Garatujas Fantásticas - 25/09/2012 Publicado em: Blog Garatujas Fantásticas - 25/09/2012
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Mas que dupla provocativa! E quantas aventuras vivem esses dois garotos, conhecidos lá de trás, mas que recentemente ganharam uma nova edição: “Juca e Chico – História de Dois Meninos em Sete Travessuras”, editora Pulo do Gato. Para quem não se lembra, Juca e Chico são aqueles… Não, espera! Vou apresentá-los como conta o livro, esse clássico da literatura infantil!
“Não têm conta as aventuras, As peças, as travessuras Dos meninos malcriados…
- Destes dois endiabrados, Um é Chico; o outro é o Juca: Põem toda a gente maluca, Não querem ouvir conselhos Estes travessos fedelhos! - Certo é que, para a maldade, Nunca faz falta a vontade… Andar pela rua à toa, Caçoar de uma pessoa, Dar nos bichos, roubar frutas, Armar brigas e disputas, Rir dos homens respeitáveis, São coisas mais agradáveis, Que ir à escola ou ouvir missa… Antes a troça e a preguiça! - Mas nem sempre vadiação Acaba sem punição… Lede esta história: e, depois, Vereis a sorte dos dois.”
O livro foi escrito em 1865 pelo alemão Wilhelm Busch. Precursor das histórias em quadrinhos e dono de uma ilustração expressiva e sarcática, ele deu o que falar, já que para a época sua obra era quase sempre uma crítica aos costumes e à hipocrisia da sociedade, à religião e por aí vai.
Chegou ao Brasil em 1915 com tradução do grande Olavo Bilac e se tornou a primeira paixão literária de muita gente por aí! O que esses garotos têm? Texto ótimo, ilustrações fortes e mais do que isso: a liberdade da palavra desafiando todos os rótulos bobos do politicamente correto. Em Juca e Chico, a narrativa não tem medo de provocar, não leva desaforo para a casa. Em sete travessuras, a essência da criança é tão escancarada que a coisa se torna atemporal. Mais de um século depois, ele segura sua prosa firme, relembrando que livro didático é uma coisa e literatura é outra.
A edição da Pulo do Gato é incrível justamente porque mantém o texto de Olavo Bilac. Em versos rimados, ali estão as piores estripulias, fáceis de ler. Apesar de algumas palavras sofisticadas do poeta, por hora combinações pouco usadas na linguagem de hoje, são tão cheias de frescor que seguem no prólogo com muita fluência, por exemplo:
*Trecho da terceira travessura
“Havia um homem na aldeia, Alfaiate de mão-cheia. Jaquetas para o serviço, Fraques de bolso postiço, Calças, roupas domingueiras, Coletes com algibeiras, Paletós-sacos de alpaca, Rabona ou sobrecasaca, Blusa, capa, sobretudo, Casaca de rabo – tudo Sabia fazer com arte O alfaiate Brás Duarte.”
Conversa aqui, conversa lá, claro que alguma coisa vai sobrar para esses dois. Mas isso não vou contar. Tem de pegar o livro, se deliciar com cada história, cada ilustração. Ler em voz alta com as crianças, divertir-se com esses camaradas!
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