É com esse título no mínimo instigante (publicado pela editora Pulo do Gato) que Marina Colassanti apresenta uma reflexão sobre a leitura, o educar e o publicar livros de qualidade. “Educar é preciso, e as narrativas do humano são as que nos podem humanizar.” - Blog Letras no varal - 23/07/2012 Publicado em: Blog Letras no varal - 23/07/2012
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É com esse título no mínimo instigante (publicado pela editora Pulo do Gato) que Marina Colassanti apresenta uma reflexão sobre a leitura, o educar e o publicar livros de qualidade. “Educar é preciso, e as narrativas do humano são as que nos podem humanizar.”
Marina é autora de mais de 50 livros, muitos deles premiados no Brasil, e é com essa experiência que vai tecendo seu raciocínio sobre a importância de ler. A partir da observação de que a cultura é feita em boa parte pelo imaginário dos indivíduos, que gera a realidade, ela constrói um pensamento interessante sobre o papel dos livros na nossa vida. Citando alguns autores, que sempre começam suas biografias listando o primeiro – e mais importante – livro que leram quando criança, na contramão, ela explica que não teve um único livro capaz de fisgá-la. Foram vários, todos eles lidos ao longo de sua vida, que tiveram sua devida importância na construção dessa pessoa Marina. Porque nada em sua vida seria como foi se ela simplesmente deixasse de lado alguns livros para simplesmente citar um. “Nenhum lobo escondido entre troncos teria me ensinado a lidar com outros lobos, bem mais famintos, que haveria de encontrar vida afora”, em interessante citação sobre o valor que Chapeuzinho Vermelho agregou à sua percepção de vida.
Entre as inúmeras vantagens que a aquisição e o gosto pela literatura lhe trouxeram está a percepção da linguagem simbólica, a partir da qual ela mesma pode, ao longo dos anos, tornar-se escritora. A leitura é capaz de gerar inteligência e força de vontade para reinventar uma vida. Então, como viver sem leitura e como ficar sem os livros de sua vida?
É justamente nesse ponto que ela aborda outra importante questão: qual é o papel das editoras nos dias atuais, em que a quantidade sobrepõe a qualidade de maneira tão escrachada? Para quem se edita tamanho volume de títulos, que faz a gente se perder ao entrar em uma livraria e, muitas vezes, sair dela sem levar nada debaixo do braço? É imensa a dificuldade de escolher o livro certo, aquele que capta o nosso olhar e o nosso coração para uma leitura não apenas destinada à distração, mas também à formação. “Pressa e quantidade condenam à escuridão e ao silêncio inúmeros livros de qualidade que, de venda mais lenta e não encontrando lugar na mídia superlotada e manipulada, atravessam o tempo da sua breve vida desconhecidos do grande público.”
E fechando o raciocínio, Marina alerta que precisamos agir sobre a demanda – aquela que faz as editoras alimentarem tão exaustivamente o mercado. Porque se há demanda por livros, por que não fazer com que ela seja de qualidade? Para isso, há somente uma trilha: “educar o gosto desde a infância para que mais leitores exijam obras literárias de qualidade e obriguem o mercado a fornecê-las.”
Obrigada pela reflexão! É só o que me resta dizer…
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