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A VIAGEM DOS ELEFANTES, OU, A MANCHA DE TINTA NANQUIM…
Por Penélope Martins do blog Toda Hora Tem História

Publicado em: Blog Toda Hora Tem História - Agosto de 2016

https://todahoratemhistoria.wordpress.com/2016/08/04/a-viagem-dos-elefantes-ou-a-mancha-de-tinta-nanquim/

Uma mancha de tinta chinesa pode ser só uma mancha de tinta chinesa, nada mais, nada menos. Se a mancha for na roupa, vai ser duro de sair. Intensa o bastante pra tentar apagar, se for no papel.

Isso de mancha me fez pensar numa coisa curiosa a respeito de nós brasileiros. Nanquim é uma Cidade na China. Fica a 300 km de Xangai. Não, isso não é engraçado, nem curioso. Curioso é chamarmos de tinta nanquim enquanto outros dizem apenas tinta chinesa. Talvez, uma mancha de tinta pra nós requeira nome e sobrenome.

Ontem, a editora paulista Pulo do Gato promoveu uma conversa com o autor Diego Francisco Sánchez, conhecido pelo nome artístico Dipacho – o que também merece comentários (logo adiante), e  ele, entre tantas coisas, fez com que eu me perdesse na mancha de nanquim que originou o desenho de seus elefantes para o livro A viagem dos elefantes.

Eu me perdi com todas as tintas, palavras, pingos, ladeiras e palmeiras, enquanto olhava os slides do livro numa tela grande de projeção. Eu me perdi com os elefantes.

A história conta a saga de 5 elefantes que iniciam uma longa jornada sem saber ao certo o que procuram. Em cada paisagem, os elefantes fazem novas descobertas sobre o mundo e são inseridos em contextos que os afetam e os tornam mutáveis: ora são pequenos, ora sobem, ora se fragilizam, ora são solitários, ora se aninham…

Dipacho compõe sua narrativa explorando diversas experiências em composição gráfica — formas geométricas, texturas, planos, enquadramentos, sobreposições —, fazendo com que os elefantes sejam representados de diversas maneiras: arredondados, retangulares, triangulares, ovais…

No texto, um poema curto e incisivo o suficiente para não precisar de imagem nenhuma.

E eu ainda disse que falaria do nome artístico,  Dipacho, uma mistura de Diego e Francisco que para nós resultaria em Dichico, mas que na Colômbia ganha outra grafia e outra sonoridade com amplo A. O nome do artista compõe bem com a minha cisma com a mancha de nanquim, por seu caráter absoluto. No trabalho de Dipacho, encontramos uma unidade de narrativa que costura a obstinação da pesquisa do artista e a generosidade de um menino que nos convida a brincar com as coisas do mundo. Um nome que não precisa de sobrenome como a tinta chinesa de Nanquim.

Dipacho nos convida a perseverar com arte num livro para todas as idades, afinal somos tal qual os elefantes perdidos que andam pela imaginação do autor.

Por fim, só para realçar meu ‘perdimento’ na apresentação de ontem, ao final do papo, ninguém conseguiu fazer pergunta de pronto. Acho que todos estavam viajantes e viajados. E eu, eu só pensava numa expressão que conheci em uma das poucas canções colombianas que tenho ciência, de Marta Gomez, ‘anda con mañita, almita mia’, cada coisa a seu tempo…



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